
O Projecto Solar
O projecto diz respeito ao Lote 5 dos leilões de energia solar de Portugal 2020. Esta ligação à rede do município de Tavira, foi ganha pela empresa de energias renováveis Iberdrola S.A. que a denominou ligação ESTOI-TAVIRA.

Embora ainda não exista um projecto foto voltaico oficial para a central eléctrica, a PROBAAL pode relatar as acções de desenvolvimento da Iberdrola S.A e outras entidades, na zona do Cerro do Leiria:
Desde que ganhou o leilão em Agosto de 2020, a Iberdrola S.A. empreendeu obras exploratórias no terreno.
Representantes reuniram-se com a associação local de caçadores para lhes oferecer a possibilidade de caçar uma vez por ano dentro das vedações propostas.
Os agentes prospectores estão no terreno empenhados em alugar os cerca de 180 hectares necessários para acomodar aproximadamente 250.000 painéis solares. Muitos contratos de 29 anos e meio foram assinados com proprietários de terras, apesar de não haver nenhum projecto oficial em curso, e de não ter sido realizado nenhum estudo de impacto ambiental.
O terreno arrendado inclui uma área entre 47-63 hectares, que é propriedade de uma subsidiária da Tecnovia, denominada Transportes Rodrigo Costa e Filho S.A. Entendemos que esta empresa alugou este terreno à Iberdrola para o projecto solar e podem ser eles próprios a concretizar algumas das obras de construção da central.
A PROBAAL está familiarizada com este terreno, porque a associação foi chamada para o proteger de uma pedreira ilegal em 2000 e novamente em 2010.


A PROBAAL considera veementemente que uma central solar neste local seria inadequada devido ao impacto que teria sobre a ecologia, a terra, as pessoas e a água.
Também acreditamos que a informação fornecida pela Iberdrola S.A. em relação a todo o processo é imprecisa e enganosa.
Ecology:
Terra:


Esta terra é única e biodiversa, cheia de uma vasta gama de espécies animais e vegetais, incluindo as ameaçadas (várias espécies vegetais na Lista Vermelha de Portugal) e as protegidas por lei como o Quercus ilex. Uma área de 180 hectares desta paisagem inclui vários milhares de árvores.
A limpeza desta terra das suas plantas e formações rochosas naturais seria prejudicial para a ecologia desta área. Uma vez limpo e achatado, este antigo campo rochoso nunca poderia ser refeito, mesmo que os painéis fossem removidos dentro de três décadas.
A maioria da terra é parte integrante da Reserva Ecológica Nacional (REN). Apesar das definições aplicáveis a este terreno, como área de protecção e recarga de aquíferos, área de máxima filtração, e o facto de a vegetação não ser normalmente autorizada a ser removida deste terreno – poderia, em teoria, ser utilizada para um projecto solar. Isto é motivo de grande preocupação para a PROBAAL.
Outra preocupação é a degradação do solo superficial que ocorre quando o terreno é limpo e é arrastado pelo vento.
Impactos sócio-culturais:
Água:


Este território é usado pelas associações locais de caçadores há centenas de anos e por isso a comunidade local tem o direito de continuar as suas actividades tradicionais aqui.
Ciclistas, caminhantes e turistas de todo o mundo, desfrutam da área pelo seu potencial de lazer e beleza natural. O turismo é uma fonte de rendimento extremamente importante nesta área.
Uma central de energia solar não beneficiaria directamente esta comunidade. Seria gerado um número muito baixo de empregos para a população local, a natureza seria desnecessariamente destruída, e o aquífero seria posto em risco.
O aquífero Peral-Moncarapacho situa-se directamente sob esta área, e qualquer limpeza em grande escala do terreno e das suas linhas de água temporárias perturbaria o seu funcionamento, correndo o risco de deixar a área de 44 quilómetros quadrados que ocupa, sem água subterrânea suficiente para abastecer as comunidades locais e agricultura familiar.
Os painéis solares não cobrem o solo ou impedem a chuva de cair ali – mas é o efeito de limpar, despregar e nivelar o terreno, que levaria a que a chuva escorresse mais rapidamente, sem oportunidade de se infiltrar nas superfícies irregulares e juntar-se ao aquífero. Demasiada água da chuva poderia perder-se para os rios e o mar demasiado cedo ou causar inundações a sul.
Desinformação
A Iberdrola reuniu com a Presidente da Câmara Municipal de Tavira, Ana Paula Martins, em Maio de 2021 para discutir um não-projecto.
Em Junho, a Iberdrola distribuiu um documento promocional aos membros eleitos da Assembleia Municipal de Tavira.
Os logótipos da Iberdrola S.A. e da Câmara Municipal de Tavira podem ser vistos lado a lado nos documentos promocionais – e embora não se destinem actualmente a visualização pública, isto sugere algum tipo de cooperação entre as duas partes.
Os documentos contêm informações enganosas e inexactas sobre o impacto ambiental do projecto, que consideramos ser um acto de “greenwashing”.

