greenwashing

‘Greenwashing’ refere-se à desinformação veiculada por uma organização de modo a apresentar uma imagem pública ambientalmente responsável. É um termo que precisamos de desconstruir nestes tempos em que grandes empresas estão a querer apanhar o “comboio verde” como um meio de ganhar mais dinheiro.

É verdade, precisamos certamente de avançar rapidamente para um futuro sustentável, temos de o fazer, para sobreviver. Infelizmente o facto é que muito do que ouvimos das empresas “verdes” é em grande parte propaganda, apresentada para nos fazer sentir que estamos a fazer as escolhas certas para nós próprios e para o planeta – quando isso pode estar longe de ser o caso.

Um bom exemplo são os carros eléctricos – um carro com motor de combustão regular produz 5,5 toneladas de carbono durante o seu fabrico, enquanto que um eléctrico produz cerca de 8,1 toneladas – o que significa que para opção “verde” já arranca mal. Esta diferença na pegada de carbono na produção, deve-se principalmente aos minérios como o lítio, que são extraídos para as baterias de um carro eléctrico. De acordo com um recente estudo alemão, um automóvel eléctrico de passageiros de tamanho médio tem de conduzir 219.000 kms antes de começar a ter um desempenho superior ao do automóvel a gasóleo, correspondente em termos de emissões de CO2.

Também é importante lembrar que os carros eléctricos só podem ser tão verdes como a electricidade com que são carregados – por isso, se estiver a conduzir na Suécia ou em França, onde cerca de 70% da electricidade é produzida a partir de energias renováveis, é óptimo. Já na Polónia e na China ainda dependem quase inteiramente do carvão, enquanto outros países se encontram algures no meio. Em suma, se conduzir um carro com electricidade feita a partir de centrais eléctricas alimentadas a carvão, não está a ajudar de modo algum a reduzir o pegada de carbono.

Existe um nível semelhante de propaganda em torno da energia renovável, com as pessoas a pensar que é 100% verde. Não pode ser, claro, porque as turbinas eólicas e os painéis solares precisam de ser fabricados. Se forem feitos na China, o mais provável será utilizarem a electricidade gerada a carvão. Alguns painéis utilizam minerais raros na sua construção, e depois há o possível uso de mão-de-obra escrava ou precária e o transporte destes objectos volumosos por todo o planeta. E, ao colocar painéis solares, se uma floresta ou vastas áreas de vegetação forem desbravadas para o fazer, se o curso de água e a infiltração de água forem perturbados, estes são custos negativos para o planeta e para os seus habitantes.



O Greenwashing está em acção, quando apenas o lado “verde” dos factos é mencionado na publicidade e venda destes artigos. Pode acontecer, que muita da verdade sobre uma empresa ou um produto seja contrária a isto.

É simplesmente um estratagema de marketing, quando, por exemplo, uma empresa que vende energia solar tem uma imagem de uma folha como o seu logótipo – de certeza que não estão a vender nada com uma folha viva, mas estão a vender uma ideia….

Sabemos que para o bem do planeta, a pequena escala é o ideal e as grandes empresas também têm de acordar para este facto e estabelecer uma base comunitária, para dar à humanidade a melhor hipótese de verdadeira e honestamente combater as alterações climáticas .

Se apenas 4% da superfície terrestre de todo o planeta ainda é natural e selvagem, é verdade que os outros 96% já estão desnaturados pelo homem em diferentes graus.

Se parte deste território do Cerro do Leiria constitui parte dos 4%, significa também que existe um lugar melhor para localizar dois quilómetros quadrados de painéis solares, do que esta terra protegida, preciosa e rara.

Num mundo obcecado por números e percentagens de emissões de carbono, é primordial manter os olhos abertos e lembrar que uma questão não está separada de outra e que o ecossistema do nosso planeta é diverso e interligado e que devemos tratá-lo como tal.

Ao mantermo-nos conscientes do quadro mais amplo do que podemos fazer para curar o nosso ambiente, podemos encontrar soluções viáveis que não causem mais danos do que o bem e formar empresas que também não nos induzam em erro.